Descrição
A cerâmica branca rica em ornamentos é a marca da cultura material dos povos Arawak do Alto Rio Negro, resultado de um conjunto de técnicas milenares das mulheres baniwa do rio Ayari.
Rica em ornamentação gráfica, a cerâmica branca produzida exclusivamente pelas mulheres Baniwa é reservada ao uso cerimonial, sobretudo em rituais como o dabucuri (poodali) e o ritual de iniciação (kowaipan). Em ambas as ocasiões, os alimentos e bebidas são servidos nestas cerâmicas cerimoniais apresentadas em formas de tigelas, bilhas, taças e moringas.
A pintura é feita antes da queima, quando a peça ainda possui um aspecto cinza, da cor da massa cerâmica composta de argila (encontrada em raros depósitos espelhados pela região do Ayari) e a casca do caraipé (kawa, em baniwa).
A decoração é feita com um pigmento resultado da mistura de uma argila amarela (eewa, em baniwa) com um líquido ácido, que pode provir do caldo de mandioca amarga (manicoera), do suco de limão ou do suco do cubiú.
Cada traço é feito usando delicados pincéis construídos com mechas dos cabelos das jovens ceramistas. O acabamento vitrificado é produzido por meio do uso de resinas vegetais, seja o arbusto oomapihitako, seja a seiva do jutaí, wakhamaali, planta da família do jatobá. Esta resina protege os padrões gráficos que enfeitam as peças e fazem referência aos diversos componentes da natureza, formando em cada peça um rico conjunto de referências culturais do povo baniwa.
O resultado deste processo é um conjunto de técnicas milenares do povo baniwa na sua casa! O leitor agora pode se sentir mais próximo a essa experiência com o livro de bolso Cerâmica Baniwa, realizado em parceria entre a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e o Instituto Socioambiental (ISA), e com apoio de União Europeia e Nia Tero.
As cerâmicas fazem parte do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, reconhecido como patrimônio imaterial cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).