Descrição
Terror e resistência no Xingu é uma síntese atravessada por todo este processo. O livro começa com uma narrativa sobre a história de ocupação não indígena do médio curso do Rio Xingu, ao descrever a constituição histórica do beiradão a partir das tensões e conflitos que lhes são constituintes.
No segundo capítulo, é descrita a ruptura social e ecológica provocada pela instalação da UHE de Belo Monte e seus efeitos devastadores na vida das comunidades locais, especialmente os ribeirinhos expulsos de suas casas, do Rio Xingu e dos baixões de Altamira. O resultado deste processo é a desfiguração do mundo, que gerou, nas palavras da autora, um deslocamento ontológico, quando toda a ordem e sentido das coisas são alterados, fazendo com que tudo aquilo que é tido como certo, deixa de acontecer, causando desorientação, rupturas e adoecimento.
Por fim, os dois últimos capítulos tratam das respostas colocadas em movimento para fazer frente ao cenário de destruição provocado pela implantação da usina. No terceiro capítulo, intitulado “Repostas institucionais à catástrofe”, a autora trata das articulações e ações das instituições frente ao contexto de violação de direitos, descrevendo a atuação do Ministério Público Federal e da comunidade científica, bem como as respostas do governo federal e da Norte Energia, empresa concessionária da usina.
No quarto e último capítulo, “Resistências”, são descritas as estratégias dos ribeirinhos para a retomada de seus territórios e modos de vida. Foi necessário que o Conselho Ribeirinho se apropriasse das tecnologias políticas do deslocamento forçado – cadastros, listas e mapas – para imprimir suas próprias lógicas, concepções e desejos e incidir politicamente nas negociações do licenciamento ambiental e criar soluções adequadas para a reconfiguração de seu mundo.
O livro se encerra mostrando como a organização em torno do Conselho Ribeirinho, a reativação das redes sociais preexistentes e o fortalecimento de outras parcerias possibilitaram a construção de uma proposta inovadora de reparação, o Território Ribeirinho, como garantia do direito ao retorno para o Rio Xingu, proposta esta que foi incluída como uma das condicionantes legais para a operação da UHE de Belo Monte.